quarta-feira, 27 de junho de 2012

HIPERTONIA DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO


O que é hipertonia?
Os músculos em repouso permanecem num estado de semicontração ou de tensão, chamado de tônus muscular. Este pode aumentar (hipertonia) ou diminuir (hipotonia), de modo voluntário ou involuntariamente. De acordo com os autores Guyton, Hall (2001) e Singi (2001), o tônus ocorre por impulsos nervosos originados nos fusos musculares, e através desta estimulação é que algumas fibras dos músculos permanecem contraídas. Para diversos pesquisadores fatores emocionais levam ao aumento do tônus muscular.
O tônus muscular pode ser definido como a resistência encontrada durante o estado de relaxamento voluntário (Bigongiari e cols. 2008).
Alterações do tônus muscular que formam o assoalho pélvico podem determinar o surgimento do vaginismo, anorgasmia, entre outras disfunções (Antonioli, Simões, 2010).
Uma musculatura sadia, tônica e contrátil permite melhor qualidade na sensibilidade vaginal, e esta é imprescindível para uma atividade sexual de qualidade (Chiarapa; Cacho; Alves, 2007).

Na prática fisioterapêutica observa-se que muitas mulheres iniciam sua prática sexual com aumento do tônus muscular dos MAP, isto ocorre geralmente quando esta mulher teve educação religiosa e/ou familiar muito rígida, abuso ou assédio sexual na infância ou adolescência, traumas locais, imagem corporal alterada, baixa autoestima, postura inadequada da pelve, hímen complascente, pós-parto vaginal, entre outros físicos e psicológicos.
O surgimento da hipertonia após algum tempo de prática sexual e sem queixas ou alteração no tônus ocorre por fatores emocionais e físicos. Alguns exemplos: problemas conjugais, de saúde (cândida de repetição, bartholinite, cistite, etc), fatores psicológicos, dor ou desconforto na penetração, entre outros.


A hipertonia ocasiona alteração do desejo sexual?
Na prática fisioterapêutica e na literatura observa-se que sim.
Em estudos realizados por Abdo et al. (2002) com 2.835 brasileiros de várias cidades, sendo que as mulheres eram 53% do total da amostra, observou que as principais disfunções sexuais femininas foram a ausência de orgasmo, com 29,3%, e a falta de desejo sexual teve índice de 34,6%. Visto que, para esses autores, a falta de desejo sexual é a disfunção mais comum nas mulheres, e sua prevalência aumenta de acordo com a idade.
Na prática verifica-se que a tensão dos MAP causam em alguns casos dor ou desconforto na penetração vaginal, causa diminuição ou ausência de lubrificação, enfraquecimento dos MAP, alteração de sensibilidade da vagina e às vezes da região de clitóris e ânus, DIMINUIÇÃO OU AUSÊNCIA DO DESEJO SEXUAL, e pode com o tempo ocorrer laceração muscular local. Visto que com a tensão muscular local ocorre alteração vascular e circulatória, onde os músculos tornam-se fracos e sem elasticidade. E pode surgir nódulos de tensão local.
Na maioria dos atendimentos de pacientes com vaginismo este se desenvolveu durante o relacionamento. Neste caso observa-se acentuada hipertonia muscular, sendo muitas vezes necessário várias sessões de fisioterapia. Nestes casos geralmente o casal tem uma frequência muito baixa de penetração sexual, ou até ausente por anos.
Diante destes quadros de disfunção sexual feminina, observou-se na busca de literatura que no tratamento fisioterapêutico  ocorre um aumento do desejo sexual, e este aumento favorece a melhora da excitação sexual. Desta forma, mulheres com disfunções orgásticas adquirem maior capacidade de obterem o orgamos (Etienne, Waitman, 2009).

A hipertonia interfere no orgasmo vaginal?
Sim, a hipertonia interfere no orgasmo vaginal. Mas depende também de outros fatores, como sua sexualidade, seu emocional, fatores físicos e conjugais, e o grau de hipertonia local (leve – moderado – grave).
            Quando os MAP estão com alteração de tônus (tensos ou flácidos) torna-se muito difícil para a mulher conseguir ter o orgasmo vaginal.

Figura - Músculos do Assoalho Pélvico - MAP

Fonte: Fabiane Dell` Antônio



domingo, 24 de junho de 2012

INCONTINÊNCIA URINÁRIA AOS ESFORÇOS

INCONTINÊNCIA URINÁRIA AOS ESFORÇOS

A incontinência urinária (IU) induzida pelo esforço é uma das causas mais comuns de perda involuntária de urina nos pacientes idosos do sexo feminino.
 A causa mais freqüente de IU de esforço é a hipermotilidade uretral decorrente da fraqueza do assoalho pélvico (músculos entre vagina/pênis e ânus)  ou consequente a procedimentos cirúrgicos. Assim como desnervação do assoalho pélvico,  radioterapia prévia, diminuição dos níveis estrogênicos e a procedimentos cirúrgicos.
Pacientes idosos do sexo masculino raramente apresentam IU de esforço. Quando isso ocorre, a principal causa é  radioterapia prévia ou procedimentos cirúrgicos, principalmente as prostatectomias, quer realizadas para doenças prostáticas benignas ou malignas.

O tratamento da IU de esforço depende da causa base, das condições clínicas
do paciente e da expectativa em relação aos resultados.

Atualmente existem 3 formas de abordagem terapêutica:
1-     Tratamento farmacológico;
2-   Tratamento conservador comportamental e fisioterápico;
3-     Tratamento cirúrgico.

             Fig.   Períneo masculino e feminino, região que abaixo da pele tem os músculos do assoalho pélvico.

Reis RB, Cologna AJ, Martins ACP, Tucci Jr S, Suaid HJ. Incontinência urinária no idoso. Acta Cir Bras [serial online] 2003 vol 18

                                                                      EXPERIÊNCIA PRÁTICA - NO CONSULTÓRIO

No consultório observa-se que as mulheres relatam perder urina nas atividades como: espirro, risadas, tosse, caminhar, mudança de posição e nos exercícios físicos.

É muito comum esta queixa em mulheres que tiveram mais de um parto vaginal, mulheres com sobrepeso, com história de doença respiratória, mulheres com muitos parceiros sexuais ou início precoce da atividade sexual, após a menopausa, fumantes, e mulheres que praticam muita atividade física de esforço, como corrida, jump, ciclismo, entre outras.

Oriento que exercítem os MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO (MAP)  para mantê-los fortes, assim como a necessidade de fortalecer a região abdominal.


Se você perde urina aos esforços provavelmente seus MAP estão fracos. Faça o teste: tente  segurar o "xixi" durante a micção. Caso não consiga interromper o fluxo é sinal de fraqueza local. Mas cuidado, isto é um teste, e não deve ser realizado com frequência.

Tente exercitar os MAP com contrações e relaxamento da vagina, desta forma:

Deitada com joelhos flexionados, contraia e relaxa a vagina, sem ajudar com abdômen, bumbum, pernas e quadril. Apenas os músculos da vagina. Faça 10 vezes, relaxe 30 segundos e repita mais 10 vezes. Pode ser realizado inicialmente 2 vezes ao dia - FASE INICIAL.

Este é um exercício inicial para fortalecer os MAP, mas existem outros que necessitam de maior força e coordenação muscular. Neste caso é necessário o acompanhamento do fisioterapeuta com especialização na área para avaliar e continuar a evolução.

Siga a posição da figura abaixo, colocando seus dedos ao redor da vagina e na contração sinta leve movimento muscular local.




 

 

 

 

 

 

  

     Exemplo de prática:

  No ano de 2010 atendi uma senhora viúva de mais de 70 anos que realizou uma avaliação para eu ver como estava sua musculatura íntima, visto que estava namorando um homem mais jovem e gostaria de melhorar sua sexualidade. Então na avaliação verifiquei com muita surpresa que a mesma apresentava uma força muscular da vagina surpreendente, muito boa!!! Relatei que ela estava ótima com sua musculatura, passei algumas dicas para ajudá-la a melhorar ainda mais sua vida sexual. Mas perguntei o que ela fez para ter uma musculatura tão forte, mesmo tendo mais de 3 filhos de parto vaginal, e ela me respondeu: "a única coisa boa que o traste do meu marido me ensinou foi de apertar e soltar a vagina".

Então o exercício ensinado acima  (exercícios de Kegel) funciona para melhorar a vida sexual da mulher. Faça regularmente e melhore sua vida sexual.
Fonte: Fabiane Dell` Antônio


sábado, 23 de junho de 2012

INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO

INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO

A Sociedade Internacional de Incontinência define incontinência urinária (IU) como a condição na qual a perda involuntária de urina é um problema social ou higiênico e é objetivamente demonstrada.
A IU é muitas vezes erroneamente interpretada como parte natural do envelhecimento. Alterações que comprometem o convívio social como vergonha, depressão e isolamento podem fazer parte do quadro clínico, causando grande transtorno aos pacientes e familiares.
A prevalência da incontinência  urinária no idoso varia de 8 a 34%.

A hiperplasia prostática benigna, que está presente em aproximadamente 50% dos homens aos 50 anos de idade, em metade dos quais causa obstrução ao fluxo urinário, e acarreta alterações significativas do trato urinário inferior, como a instabilidade do músculo detrusor.


CLASSIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO IDOSO



Para fins didáticos, adotaremos a seguinte subdivisão:

1. Noctúria
Levantar-se mais de uma vez por noite para urinar é  mais freqüente dos 50 anos em diante.
A prevalência de noctúria na população adulta é de cerca 26 a 66% a partir da quinta década e chegando a 55% nos homens com mais de 70 anos de idade.


2. Incontinência Urinária Transitória
O risco de incontinência urinária transitória aumenta com alterações patológicas como infeções, ingestão hídrica excessiva, constipação intestinal crônica, depressão e dificuldade para locomoção.
A IU transitória é caracterizada pela perda involuntária de urina, precipitada por insulto psicológico, medicamentoso ou orgânico, que cessa ou melhora após o controle do fator desencadeante.
A prevalência é de 35%  em idosos nos asilos.

3. Incontinência Urinária Persistente
O termo IU persistente deve ser empregado quando a perda involuntária de urina não é causada por nenhuma comorbidade existente, não é decorrente do efeito colateral de alguma droga e persiste por pelo menos 3meses.

Existem 3 tipos: a - Urge-incontinência; b - IU relacionada ao esvaziamento vesical inadequado; c - IU de esforço – ESTA É A MAIS COMUM!!!



FONTE: Reis RB, Cologna AJ, Martins ACP, Tucci Jr S, Suaid HJ. Incontinência urinária no idoso. Acta Cir Bras [serial online] 2003 vol 18.

1. Noctúria
2. Incontinência urinária transitória
3. Incontinência urinária persistente